O prazer de ver alunos se encantarem com a ciência

Várias pessoas já me perguntaram por que eu optei por ser docente em vez de buscar carreiras que poderiam render mais dinheiro ou status. E quase sempre eu sentia um certo incômodo com essas perguntas, pois decisões pessoais, tais como a escolha do cônjuge ou da profissão, não são da conta dos outros.

O fato é que eu sinto um profundo prazer em ministrar aulas e trilhar junto com os alunos a caminhada que é o aprendizado.   Uma das grandes alegrias da minha vida é quando eu consigo ajudar um aluno a viver uma experiência de “eureka”, aquele estalo associado ao momento em que alguma verdade é percebida em sua totalidade.   Diz a lenda que Arquimedes de Siracusa acabou correndo nu pela cidade após fazer sua renomada descoberta: Ao entrar na banheira, viu a água transbordando e teve seu momento de eureka.   Sua euforia o levou a correr nu pela cidade gritando “eureka“!

Em escala menor, todos nós passamos por vivências de “mini-eurekas” muitas e muitas vezes. Na Física do ensino médio, por exemplo, posso citar a experiência de quando finalmente chegamos a entender as leis de Newton ou as leis de conservação. Tais experiências são, do ponto de vista emocional, momentos mágicos de aprendizado.

Nesse contexto, venho compartilhar um e-mail que recebi de um ex-aluno dos tempos em que eu trabalhava na UFAL em Maceió, Alagoas.  Eu obtive dele permissão para publicar no meu blog o texto do seu e-mail.

Este e-mail é um excelente exemplo que ilustra por que eu curto muito a minha profissão.


From: V***** ******** ****** <xxxxxxx@hotmail.com>
To: “gandhi@fisica.ufrn.br” <gandhi@fisica.ufrn.br>
Subject: De um estudante, para um inspirador professor.
Date: Mon, 26 Dec 2022 14:24:35 +0000

 

 

Caro Professor Dr.

 

Nos idos de 1999, tive a honra de ter estudado numa classe de Física I, com um dos professores mais brilhantes que pude conhecer. Lembro bem da dificuldade com o idioma português, visto o tempo em que moraste fora do Brasil quando de sua magnífica formação, me recorda um episódio interessante numa aula, quando necessitavas falar da resistência do ar sobre uma pena, e não conseguias encontrar a palavra correta em português, então o senhor me dizia: “V*****” e fazia gestos para mimetizar a pena, ao tempo em que pedia ajuda. Devo dizer foi um ano mágico para minha vida, tive a pergunta do senhor se estava interessado em sair do curso de licenciatura em química para ir para a física. O que devo dizer me balançou muito, mas como policial militar que sou, e a época o curso era diurno, não me permitia conciliar estudos e profissão, declinei, mas devo dizer que alguns anos depois, atraído pela paixão pela física, fiz concurso para cursar a licenciatura, passei e cursei, formei e senti o orgulho de ter estado próximo de homens como o senhor, o saudoso Prof. Kleber, a Profª Tereza, o Prof. Ornelas, entre tantos. Contudo o senhor foi o encantador de minha alma pela física, e me abriu o cérebro à beleza da ciência, devo admitir que apliquei na labuta do ensino em algumas turmas, onde ensinei, costumes que aprendi com o senhor, como o de colocar nas minhas provas as fórmulas previamente, para poder explorar o conhecimento físico, colocando para os estudantes, como o senhor disse certa vez: “Não estamos explorando o conhecimento matemático, mas o entendimento de física do estudante”.

Por tudo lhe agradeço, e me orgulho de ter sido seu estudante por um ano aqui na UFAL e ter convivido com um apreciador de café e divulgador científico do seu quilate!

Um abraço fraternal e um Feliz ano novo para o senhor e sua família!

 

V***** ******** ****** – 2º Tenente PM
Professor de Química e de Física.
Enviado do Email para Windows


 

Como não escolher um bom orientador

Eu tive o privilégio de ter sido orientado no meu doutorado por um renomado cientista e uma grande pessoa.  Mas H. Eugene Stanley na verdade foi meu terceiro orientador.   Meus primeiros dois orientadores também foram muito bons e só mudei de orientador por motivos puramente profissionais.  Eu tive portanto muita sorte em ter tido excelentes orientadores.

Nem todos têm tanta sorte, infelizmente. Ao longo dos anos já vi muitos alunos sofrerem desnecessariamente.  Alunos excelentes acabaram destruindo suas carreiras. Mentes independentes foram subjugados ao ponto de virarem servos intelectuais de seus orientadores.  Estudantes apaixonados pela ciência acabaram por perder a paixão pelo conhecimento, estudo e pesquisa.  Sempre que um caso desses chega ao meu conhecimento, fico triste.   Este artigo é minha contribuição para tentar ajudar os alunos a evitar esse tipo de tragédia.  Espero que seja útil.

Sinais de que você escolheu o(a) orientador(a) errado(a):

1. Seu orientador mente. A mentira em si já é algo muito grave. O orientador que mente para os orientandos, ou de forma geral, também mente cientificamente. Se afaste de um potencial orientador mentiroso que pode te levar junto para um artigo científico fraudulento.

2. Seu orientador fala mal de outros professores, pesquisadores ou alunos. Um bom orientador nunca precisa falar mal dos outros. Lidera via exemplo. Se você já ouviu seu orientador falar mal de outro professor, pesquisador ou aluno, isso é um sinal de alerta.

3. Seu orientador te humilha ou humilha outras pessoas. Esse comportamento acaba minando a autoestima do aluno e inflando o ego do orientador. É um sinal de insegurança pessoal.

4. Seu orientador quer que você evite conversar com outros professores e tenta te isolar.  Se seu orientador não gosta que você converse com outros professores, então ele é muito inseguro.  Essa insegurança vai acabar atrapalhando a orientação.

5. Quando você sugere uma ideia nova, seu orientador sempre joga areia em vez de encorajar a iniciativa. Claro, se a ideia não for boa é dever do orientador criticá-la construtivamente. Mas jamais um bom orientador vai querer minar a iniciativa. Sempre vai primeiro parabenizar o aluno pela iniciativa e só depois explicar ao aluno porque a ideia não é boa.

6. Seu orientador não deseja que você colabore com outros pesquisadores. Isso é um péssimo sinal também. Eu por exemplo sempre encorajo meus orientandos a colaborar com outros pesquisadores, mesmo sem minha participação.

7. Seu orientador se interessa pela sua vida pessoal demasiadamente. Não é normal um orientador ficar “pastorando” o aluno em sua vida pessoal ou nas redes sociais, etc. Se existir a possibilidade de uma atração sexual entre orientador e orientando, pior ainda. Os tempos mudaram. Certos comportamentos que eram aceitos em décadas passadas não são mais. Um “rolê” ou relacionamento vai pegar mal tanto para o orientando(a) como para o orientador(a).

8. Seu orientador manipula suas emoções, seja via críticas seja pedindo desculpas posteriormente. Um manipulador jamais vai priorizar o bem do aluno profissionalmente, pois ele está mais preocupado consigo mesmo do que em orientar.

9. Seu orientador não te ajuda a finalizar os artigos nem demonstra preocupação em finalizar os trabalhos. Esse tipo de orientador acha que cabe ao aluno fazer tudo, sem entender que é papel do orientador ajudar o aluno a preparar o artigo e fazer a submissão. Claro, o aluno deve tentar se tornar independente, mas isso vem com o tempo. Inicialmente, o papel mentor do orientador é importante.

10. Seu orientador quer te usar como terapeuta, desabafando sobre seus problemas e tomando teu tempo e energia com sua vida pessoal. O orientador sabe que ele pode ir a um terapeuta profissional.  Não é correto ou ético se aproveitar de um aluno desta forma. É melhor se afastar logo deste tipo de orientador carente.

11. Seu orientador se autoelogia frequentemente. O orientador que acha que apenas o trabalho dele é de qualidade e que se autoelogia, ou cobra elogio dos outros, pode ser um egocêntrico patológico. Ele, por vaidade, nunca vai aceitar que o orientando possa ser mais competente do que ele. Pode até prejudicar propositalmente o orientando para que o seu talento não seja notado.

12. Seu orientador quer controlar seu tempo mesmo nos feriados e finais de semana, etc. Um orientador profissional sabe separar a vida pessoal da vida profissional. Jamais tentará invadir sua vida pessoal.

13.  Seu orientador nunca admite que está errado, mesmo quando está óbvio que ele errou. Isso é um sinal de arrogância e insegurança. Esse tipo de pessoa tende a preferir culpar o aluno pelos seus próprios erros. Quem paga o preço é o coitado do orientando.  Melhor você procurar outro orientador rapidamente, antes que sua carreira seja destruída.

Se você vai escolher um orientador ou trocar de orientador, sugiro 3 regras:

1. Fale com seus outros orientandos e ex-alunos, ex-pós-docs, colaboradores, etc, para saber como é sua personalidade e estilo de trabalho.

2. Veja seu CV e seus trabalhos no Google Scholar, Web of Science, etc.  Um bom pesquisador não trabalha apenas pegando carona nos artigos dos outros, mas publica artigos onde ele é o autor principal.  Não é boa ideia escolher um pesquisador fraco para te orientar.

3. Veja como estão empregados seus ex-alunos. Se a maioria está subempregada, evite escolher essa pessoa. Por outro lado, se eles estão bem empregados ou tendo sucesso profissional então isso é um ótimo sinal.

Boa sorte!


Agradeço Aline Viol pelas discussões e por motivar a escolha do tema.

Liacir Lucena

É com profunda tristeza que fiquei sabendo, no dia 14/09/2022, do falecimento do professor Liacir dos Santos Lucena, fundador do Departamento de Física da UFRN.

Liacir foi meu contato em 03/1997 para uma visita à UFRN quando eu ainda era aluno de doutorado em Boston. Alguns meses depois em 10/1997, comecei um pós-doutoramento sob supervisão de Liacir, com uma bolsa (DCR) do CNPq. Fui bolsista sob Liacir até 02/1999, quando fui contratado como professor na UFAL em Maceió–AL.

Depois de mais de uma década durante o qual sempre mantive contato, um dia Liacir me telefonou em 2010 para me informar sobre um edital para concurso na UFRN para o cargo de professor titular de Física. Passei no concurso e voltei então para Natal.

Liacir portanto me ajudou a ir para Natal duas vezes! Uma vez em 1997 e de novo em 2010!

No ano 2011, para comemorar o aniversário de 70 anos de Liacir, meus colaboradores Marcos da Luz (UFPR) e Ernesto Raposo (UFPE) e eu organizamos uma conferência em sua homenagem. A conferência comemorou também o aniversário de 70 anos de H. Eugene Stanley. Aqui está um PDF da página do evento. O livro com alguns trabalhos apresentados pode ser encontrado neste link. Aqui está um vídeo do evento.

Segue abaixo uma nota de falecimento assinado por alguns outros amigos de Liacir.

-Gandhi


Nota de Falecimento do Prof. Liacir dos Santos Lucena

Prezados,

Lamentamos informar o falecimento, ontem dia 14/09/22, do colega e amigo Liacir dos Santos Lucena, Prof. Emérito do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) da UFRN.

Nascido em 1941 e concluinte da 1ª turma de Engenharia Civil da UFRN (1964), Liacir logo se integrou às atividades acadêmicas e, juntamente com o Prof Juarez Pascoal de Azevedo e mais alguns colegas, comandou as iniciativas que culminaram com a criação e consolidação do DFTE/UFRN, onde permaneceu por toda a sua vida profissional.

Pioneiro inconteste da Física no Estado, e dotado de incrível capacidade de iniciativa, Liacir foi o responsável maior pelas primeiras atividades consistentes de Ensino, Pesquisa e Extensão dessa área científica, no território potiguar.

O Prof. Liacir realizou seu Mestrado na PUC/RJ sob a orientação do Prof. Erasmo Ferreira em Física Teórica. Retornando a Natal, iniciou o primeiro projeto científico apoiado pelo CNPq na Instituição, sobre “Cintilações Ionosféricas”, em colaboração com a Força Aérea Americana.

Posteriormente realizou seu Doutorado em Mecânica Estatística na Universidade de Boston e, desde então, comandou ou colaborou com todas as iniciativas ocorridas na área de Física, tais como a implantação da Pós-Graduação, a conexão com outras áreas, como Petróleo, a criação do Instituto Internacional de Física e o estabelecimento de uma ampla rede de colaboração com Pesquisadores e Instituições Nacionais e Estrangeiras de renome.

Foi também gestor acadêmico em diferentes níveis, de chefe de Departamento a Pró-Reitor de Pós-Graduação, e recebeu inúmeros e merecidos destaques por sua excepcional trajetória sendo, em 2008, agraciado com a Ordem Nacional do Mérito Científico, no grau de Comendador.

Sua inigualável motivação para atrair estudantes, planejar, viabilizar e operacionalizar políticas e ações Institucionais foi o fator maior de desenvolvimento da Física no RN.

Seu talento como Professor, Gestor, Pesquisador e Divulgador Científico, aliados à sua vasta cultura, o tornaram fonte de inspiração para gerações de jovens estudantes.
Na qualidade de seus estudantes, colegas e amigos, registramos o papel seminal desempenhado pelo Prof. Liacir no desenvolvimento educacional, científico e cultural
de nossa região e nossa gratidão pela longa convivência.

Ananias Monteiro Mariz, Ezequiel Silva de Sousa e Luciano Rodrigues da Silva (DFTE/UFRN)
em nome do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) da UFRN

Atenciosamente,
Joao Medeiros

Prêmio Pesquisador Destaque da UFRN 2021

Placa e espumante

Eu presenteando o Magnífico Reitor José Daniel Diniz Melo com um dos meus livros, para marcar a ocasião.

Eu presenteando o Magnífico Reitor José Daniel Diniz Melo com um dos meus livros, para marcar a ocasião.

Entrega do prêmio.

É uma honra ter sido laureado com Prêmio Pesquisador Destaque da UFRN, edição 2021.   O vídeo abaixo foi gravado para a ocasião da concessão do prêmio.

The false premise in Moore’s open question argument

Normative statements, such as “killing is bad” or “thou shalt not kill” do not follow logically from merely informative facts.  Normative statements are prescriptive, in the sense that they tell you what you should do.   In contrast, informative facts or descriptive statements, also known as positive facts, merely describe a situation without offering a prescription about what to do.  For instance, the statement “people usually dislike being killed”, taken at face value, is not prescriptive (or normative), but rather simply a description of something that people dislike.  It has been known since the time of David Hume that there is a “gap” when one attempts to logically deduce a normative fact from a merely descriptive fact. In the above example, no amount of logical acrobatics will get you from the premise “people usually dislike being killed”  to the conclusion “thou shalt not kill.” This is the famous is-ought problem posed by David Hume, also known as Hume’s guillotine.

When I was in school, my father gave me a paperback with selected texts on philosophy, which included some by Hume.  I was mesmerized by the discussions concerning empirical knowledge.   Of all of the ideas and contributions that can be traced back to Hume, one idea has kept torturing me over many years: the dualism of facts and decisions implied by Hume’s guillotine.    This dualism in principle prevents us from deriving normative statements — hence ethics — using the scientific method, because the latter deals only with descriptive statements (see below).

Years later, in my 30s, I eagerly read  Karl Popper, who no doubt borrowed many of his ideas from Hume. For instance, according to Popper,  there is no certain empirical knowledge. All certain knowledge must be a priori and all empirical knowledge is tinged with uncertainty.   In The Open Societies and its Enemies, Popper explains very clearly that any descriptive fact can be used to argue a decision in both ways.  For example, if the fact of an almighty god’s existence could be somehow scientifically proven, this fact does not automatically imply that we ought to follow this god.   We could instead try to argue that this god must be dethroned.   Similarly, if a medicine fails to have a positive effect on a patient, one could argue that the medicine should be stopped. But one could also argue that we should double or triple the dosage.   Hume’s guillotine cuts both ways.

If you assume that Hume’s guillotine is a valid way of reasoning, then there are limits to how much the scientific method can be used to improve our decision making.   This limitation is due to how science essentially generates facts, whereas to make a decision one requires a value.  Science is, in this view, essentially anormative or amoral.

I thus read with great interest some recent texts by Sam Harris in which he argues that Hume’s guillotine is, after all is said and done, a mistake!  I was, to say the least, quite shocked.  Harris does not address the philosophical literature and others have pointed out that he essentially ignores centuries of philosophical thought in simply dismissing Hume’s guillotine.

But I still asked myself: could Hume’s guillotine be a mistake after all?

In this context, I decided to revisit one of the main pillars that support Hume’s guillotine, which is known as the open question argument, originally due to G. E. Moore in 1903. Moore argues logically that “good”  cannot be a natural property, for the following reason:

Premise 1: If a natural property X is identical to “good”, then the question “Is X identical to good?”  is a meaningless tautology.

Premise 2: The question “Is X identical to good?” is not meaningless and is a genuinely meaningful “open question”.

We thus get a contradiction. Hence, X cannot be identical to “good”.

The open question argument makes it very difficult to try to define “good” in naturalistic terms.   This is turn makes it very difficult to address “good” and “bad”  using the scientific method. (A notable exception is the “science” of medicine, where disease is unquestionably seen as bad and recovery is considered good.)

Below, I argue that Premise 1 is wrong.  The points raised here are not new, however, the particular example that I give  below probably has never been used in the context of the open question argument.

Consider the following question:

Is the number 1 identical to  \sqrt[3]{8 + 3 \sqrt{21}} + \sqrt[3]{8 - 3 \sqrt{21}} ?

To most readers, the answer to this question is not at all obvious.  Hence,  there is no sense in which this question is meaningless.   Moreover, the question is a simple binary yes/no question with a clear answer, but this answer is not immediately clear unless one tries to solve the maths.

It turns out that the answer to this question is YES, which means that we have a tautology:

1=\sqrt[3]{8 + 3 \sqrt{21}} + \sqrt[3]{8 - 3 \sqrt{21}}   .

Premise 1 of the open question argument assumes that tautological questions are meaningless, but we have already seen that this particular tautological question is not meaningless.

The above example has convinced me that the open question argument is based on a false premise and is therefore not valid.

More and more, I have become convinced that Hume (and Popper and Moore etc.) were wrong.   Perhaps  facts are not so ethically (and aesthetically) neutral after all.  The example of medicine comes to mind. If medicine can use the scientific method to improve our physical and mental health, I don’t see how it is logically possible for ethics to remain beyond the reach of the scientific method.

Many years before, I came across the same sentiment in the writings of Abraham Maslow, who also greatly influenced me (I remember how exciting it was for me to first read his list of B-values).  Now,  after reading Sam Harris, I am more than ever convinced that the scientific method will still deliver many new and priceless jewels of knowledge.

Given the recent populist wave in politics that seeks to discredit science, such views may thus come as a surprise, or at least as overly optimistic and naïve.   But I stand by my views.

I believe that we are at the dawn of an exciting new era where science will contribute significantly towards improving the moral and ethical dimensions of human social life and of our interactions with the environment.


I thank Marcos G. E. da Luz for the  mathematical example involving cube roots. I thank Helcio Felippe Jr. for discussions and feedback.